1º alagoano transplantado de fígado ficou 57 dias internado na Santa Casa da capital de Alagoas
O educador físico Jorge Ricardo Queiroz de Andrade, 57 anos, recebeu na última sexta-feira (9) alta da Santa Casa de Maceió. O profissional foi o 1º alagoano transplantado de fígado no Estado. A cirurgia de alta complexidade ocorreu graças à Portaria Federal N°313, expedida em 7 de abril de 2020.
1º alagoano transplantado de fígado – retorno ao convívio familiar
Após 57 dias internado na Santa Casa da capital de Alagoas, Jorge Ricardo finalmente voltou ao convívio familiar.
O procedimento cirúrgico de alta complexidade para receber o novo órgão fez o educador físico voltar a sonhar com uma vida normal. Agora ele não precisa mais criar uma angústia em torno de um doador compatível, como tantos outros de sua região.
Ele diz que está se adaptando à nova rotina que inclui a recuperação da cirurgia. Mas vem recebendo o carinho da esposa e filhos. Juntos, eles celebram agora o milagre dele ter achado um doador compatível e o melhor de tudo: sem precisa sair de Alagoas.
“Foi uma luta árdua, dias de grande sofrimento, mas, tive sorte dupla, porque nosso Estado finalmente foi habilitado para realizar o transplante de fígado e fui o primeiro a conseguir um doador compatível.”
Seguindo orientações à risca
Além disso, Jorge Ricardo afirma que está seguindo à risca as orientações médicas. Com isso, ele poderá retomar suas atividades como treinador de crianças e goleiros em uma escola de futebol, que fica em sua propriedade.
“Estou seguindo uma dieta rígida, passada pela nutricionista, e também as orientações que o doutor Oscar Ferro [cirurgião que fez o transplante] me passou. Quero me restabelecer para voltar a viver normalmente, seguindo sempre o que me for orientado pela equipe médica.”
Por que precisou de transplante de fígado
O profissional de educação física, que é flamenguista de coração, revela que foi vítima de cirrose, decorrente de uma hepatite.
Sua vitória no final se deve também a um trabalho árduo de técnicos da Central de Transplantes, órgão vinculado à Secretaria de Estado da Saúde (Sesau). Eles conseguiram credenciar Alagoas para realizar transplantes de fígado. O novo procedimento passou a ser executado no Estado, graças à Portaria Federal N°313, expedida em 7 de abril de 2020, que habilitou a Santa Casa de Maceió a realizar a cirurgia, explica o secretário de Estado da Saúde, Alexandre Ayres.
“Percorremos um caminho longo até que Alagoas foi habilitado para realizar o transplante de fígado, evitando que os alagoanos tenham que migrar para outros Estados. Essa conquista mostra o novo momento da saúde pública estadual, que amplia a Rede Hospitalar, o número de leitos, mas, também, investe na humanização da assistência dos pacientes e na oferta de novos serviços de Média e Alta Complexidade, como o transplante de fígado.”
Primeiro transplante de fígado brasileiro
Além do educador físico, outras pessoas já puderam receber um novo fígado no Brasil.
O primeiro transplante no país foi realizado em 1º de setembro de 1985, por uma equipe da USP, que teve entre seus participantes o doutor Sergio Mies.
O médico salienta o quão importante é manter um fígado saudável. Isso porque ele resulta em uma melhor qualidade vida ao paciente. Sendo assim, quando ocorre a necessidade de um transplante desse órgão, significa que a pessoa poderá voltar a ter uma rotina como antes, respeitando as orientações médicas.
Viabilidade do transplante
Para Daniela Ramos, coordenadora da Central de Transplantes, saber que o paciente Jorge Ricardo Queiroz de Andrade já está em sua casa é melhor resposta após todo o trabalho realizado pela Sesau.
“Parece ser algo simples, mas, para que nosso Estado fosse habilitado a realizar o procedimento, foi necessário dispor de uma equipe médica qualificada, que atendesse aos pré-requisitos cobrados pelo Ministério da Saúde, o qual faz inúmeras exigências, uma vez que o procedimento cirúrgico é de Alta Complexidade.”
Dados da Central de Transplantes de Alagoas
De acordo com os dados da Central de Transplantes de Alagoas, o Estado já realizou neste ano 27 transplantes. Desse total, 26 foram de córnea e um de fígado, que beneficiou o educador físico.
Em relação à fila de espera, hoje há 327 alagoanos na fila para um transplante de córnea, 140 por um rim, três por um coração novo e um para transplante de fígado, conclui Daniela.
“Para ser um potencial doador de órgãos, basta comunicar a família o desejo, não sendo mais obrigatório deixar registrado na Carteira de Identidade.”
*Foto: Divulgação/Santa Casa de Maceió