Entidade que proporciona a prática de equoterapia espera que atividade seja reconhecida de fato em nova legislação
A associação sem fins lucrativos Aequotam pretende aumentar atendimento até 2021, na cidade de Americana, situada no interior paulista. A intenção é triplicar o número de pessoas atendidas pela entidade.
Hoje, são atendidas no estabelecimento 40 pessoas da região. A intenção é elevar o número 150.
Nova sede
Até o fim de 2019, a associação deve se mudar para um local maior para conseguir atender mais pessoas. Para isso, a Aequotam busca investidores para levantar a quantia de R$ 1 milhão, que é o custo estimado para a construção da estrutura, ainda considerada mínima pela entidade.
Hoje, 15 pessoas estão em lista de espera pela oportunidade de uma vaga de tratamento. Esta demanda tende a aumentar. A afirmação vem da coordenadora e fisioterapeuta da associação, Daniela de Rizzo Bordignon.
Como funciona o tratamento
A coordenada explica que a equoterapia pode melhorar a capacidade motora de pessoas com deficiências físicas e intelectuais. Além de promover uma inserção dos atendidos na sociedade. Aos que apresentam apenas um desenvolvimento de pensamento, o tratamento também proporciona um potencial de melhora.
Por meio do exercício de dissociação pélvica escapular a marcha que o cavalo realiza 95% parecido com o caminhar do ser humano, segundo Bordignon.
Em declaração ao jornal O Liberal, ela explica:
“Toda vez que coloca uma criança, adolescente ou adulto em cima do cavalo o cérebro vai entender o movimento dessa dissociação numa marcha. O animal faz o movimento tridimensional, esse balançar, você vai essa jogada para frente, para trás, de um lado, outro, para cima e para baixo”.
Além da capacidade motora, os pacientes também melhoram o equilíbrio. Com isso, eles desenvolvem uma maior autoestima. A criança que antes olhava pra cima, se vê na situação contrária, olhando para baixo, por estar montada no cavalo. Este movimento cria uma sensação de empoderamento, conclui a fisioterapeuta.
Fazenda São Jerônimo
Atualmente, o tratamento promovido pela Aequotam funciona na Fazenda São Jerônimo. No entanto, o proprietário vai utilizar o local para outros fins. Em virtude disso é de extrema urgência que a associação encontre outro lugar para se mudar até o fim deste ano.
A Prefeitura de Americana concedeu um terreno para entidade pelo período de 20 anos. No entanto, o acordo envolve que a local também seja destinado à reconstituição da APP (Área de Preservação Permanente) e que na região seja plantada 1.943 árvores.
Desafios
Com a concessão do local, a Aequotam enfrentará dois desafios. O primeiro é levantar o montante de R$ 70 mil para pagamento de taxas ambientais para aquisição de alvarás e licenciamento. Em segundo lugar viria a construção da nova sede, em que uma estrutura mínima custaria R$ 1 milhão. Porém, para a viabilização de melhorias que tornaria a entidade um centro de referência, o valor saltaria para R$ 7 milhões.
Justiça e SUS
Das 40 pessoas atendidas, atualmente, nove delas obtiveram na Justiça o direito de terem o tratamento custeado via convênio ou pelo SUS. Mesmo assim, a Aequotam apresenta gastos operacionais mensais de R$ 15 mil.
Os pagamentos são realizados por meio de doações, eventos e parcerias. No próximo dia 13 de julho, associação realizará uma festa julina para arrecadar fundos. O preço do convite antecipado é de R$ 3. Já a festa acontecerá no município de Nova Odessa, na Chácara Luz do Campo. Para mais informações, basta acessar o site oficial da Aequotam.
Lei 13830/2019
A lei sancionada em maio deste ano regulamenta e reconhece a prática da equoterapia como fonte de tratamento às pessoas com deficiências. Todavia, o advogado especializado em direto da saúde, Elton Fernandes, aponta que a dificuldade encontrada por famílias em terem o tratamento custeado via SUS ou por convênios não acontece por falta de reconhecimento da categoria.
Ele acredita que mesmo com o decreto em vigor, as famílias tenham que buscar o direito de isenção pelo judiciário.
Sobre isso, Fernandes também disse ao periódico:
“Toda doença listada no código CID tem cobertura obrigatória pelo plano de saúde, e se cobre a doença não pode excluir o tratamento. O SUS também tem obrigação, o paciente vai precisar demonstrar que procurou o serviço, não há atendimento no município e aí pode judicializar contra o SUS”.
Reclamação
A própria Aequotam já ressalta que já enviou três projetos à Secretaria de Saúde na intenção de firmar parceria e atendimentos a moradores de Americana. A ideia partiu em decorrências de diversas solicitações que a entidade recebeu por parte de equipes da própria saúde pública. Todavia, os três requerimentos foram indeferidos.
Sobre isso, a Prefeitura afirma que mesmo sancionada, a lei só vai vigorar a partir de novembro. E que sendo assim, ela só poderia firmar um acordo com a entidade após este período.
No entanto, a secretaria também informou que parcerias deste tipo necessitam estar previstas no orçamento da cidade. Esta verba é aprovada sempre um ano antes. Neste caso, uma possível parceria teria que ser analisada pelo órgão.
Fonte: jornal O Liberal (Americana)
*Foto: Divulgação