As sambadas de urso conta foliões fantasiados de ursos que saem às ruas pedindo dinheiro, no município de São Lourenço da Mata, no Pernambuco
O município de São Lourenço da Mata, distante 21 km da capital pernambucana, abriga um folguedo (palavra usada para descrever festas populares de caráter lúdico) de tradição europeia medieval, em que foliões fantasiados de ursos saem às ruas pedindo dinheiro.
O verso da marchinha do cortejo diz o seguinte: “A La Ursa quer dinheiro, quem não dá é pirangueiro”, e pirangueiro quer dizer pão-duro. Antigamente, grupos ciganos pediam esmola com ursos reais amarrados, tornado-se um costume no Carnaval da cidade, que ganhou orquestra de percussão.
Hoje, São Lourenço da Mata conta com cinco grupos de urso que brincam durante todo o ano na região da Zona da Mata. A maior parte deles está concentrada no bairro do Pixete.
Presidente do grupo Marrom Teimoso, Conceição Roberta, 50 anos, revela que também há sambadas de urso, que tem o mesmo espírito de competição das sambadas de maracatu.
Sambadas de urso
Os ursos dançam em frente aos músicos, ao som de batuques. Seus movimentos dão a impressão que a pelagem da fantasia está vibrando. Na orquestram, o destaque fica por conta do “treme-terra”, espécie de surdo. Na hora da “rajada”, no encerramento do folguedo, os músicos aceleram o ritmo. Nas batidas mais agressivas, de fato, é possível sentir o solo tremer.
Principal ponto do município, o Alto da Igreja fica na praça central, em um espaço elevado com bancos, coreto e a paróquia de São Lourenço Mártir, onde a área agrega uma ótima vista dos morros da região.
Outro lugar que vale a pena visitar na cidade é o Belisco’s Café, que afirma se inspirar na culinária francesa sem perder a tradição pernambucana. O carro-chefe é o crepe que recebe o nome do saudoso cantor Chico Science (R$ 19,90), preparado com carne de sol, abacaxi, queijo coalho e mel de engenho.
Artesanato em cidades menores
Além das sambadas de urso, o estado de Pernambuco também atrai visitantes pelo seu rico artesanato.
Quem gosta de arte popular vai se encantar e divertir em Tracunhaém, que significa “formigueiro”, em tupi-guarani. O município também fica na Zona da Mata, tornando-se um famoso polo de produção de peças de barro. Existe desde objetos utilitários até obras de decoração. Seu Centro de Artesanato reúne trabalhos realizados por mais de 20 artesãos locais. É possível, durante a visita, observar os artistas desenvolvendo suas peças na área equipada com fornos.
Já me Lagoa do Carro, a 13 km dali, é conhecida como a terra do tapete. A associação de tapeceiras da cidade foi criada há 30 anos e é aberta ao público. Lá é vendido, além de seu produto principal, almofadas, pesos de porta e bolsas, tudo feito à mão. Suas artesãs se orgulham do ponto comercial, mas se preocupam também em formar uma nova geração de tapeceiras.
No município de Bezerros, o Centro de Artesanato é constituído por loja, museu, auditório e um jardim de plantas típicas do agreste e do sertão. No local, há mais de 5 mil peças, produzidas em diferentes partes de Pernambuco e que estão à venda, entre eles, os objetos de barro da região de Caruaru. O museu representa um cenário de confecção artesanal no estado, além de destacar os ofícios mais emblemáticos.
Na cidade de Gravatá, a Estação do Artesão é ideal para escolher um suvenir e com isso apoiar a cultura popular do agreste, que vai além das sambadas de urso e maracatu. No local, é possível encontrar esculturas de alumínio e bonequinhas da sorte, feitas de pano com mais de um centímetro, estes são os itens mais tradicionais do lugarejo.
Fonte: Folha de S. Paulo
*Foto: Divulgação / Prefeitura de São Lourenço da Mata