Programa PASS vai disponibilizar crédito entre R$ 10 e R$ 200 milhões
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) acaba de criar o PASS (Programa de Apoio ao Setor Sucroalcooleiro). O sistema já está em funcionamento e tem por objetivo apoiar a estocagem de etanol.
De acordo com a instituição, a meta é ajudar empresas do setor a enfrentar a pandemia de Covid-19 por meio de um programa de crédito voltado ao capital de giro e atrelado à estocagem do produto.
PASS – recursos
Com dotação de R$ 1,5 bilhão, o PASS vai disponibilizar entre R$ 10 milhões e R$ 200 milhões. No entanto, os recursos serão limitados a 50% do valor do financiamento. A quantia estará disponível a empresas, cooperativas e empresários individuais com receita operacional bruta igual ou acima de R$ 300 milhões. O financiamento poderá ser obtido diretamente com o BNDES ou em instituições credenciadas pelo banco estatal. Já os pedidos poderão ser protocolados até o dia 30 de setembro.
Além disso, as empresas apoiadas desejam não reduzir o quadro permanente de pessoal pelos próximos dois meses. Ainda há outra compensação do programa que diz respeito às companhias que mantiverem os postos de trabalho nos 12 meses seguintes. Estes terão um custo mais baixo com o financiamento.
Nota do BNDES
Em nota, o BNDES afirma que o PASS é importante “por ser um instrumento para auxiliar os produtores de etanol a enfrentarem a queda na demanda por gasolina e etanol, causada pelas medidas de isolamento social”.
Em fevereiro, antes do anúncio de alerta de pandemia no país, os bancos já estavam dispostos a conversas com produtores do setor sucroalcooleiro, segundo Ricardo K., CEO da RK Partners.
Mercado de etanol em junho
No mês de junho o mercado de etanol apresentou melhora sem necessidade de socorro do governo de modo emergencial.
No entanto, o momento atual diz respeito à estocagem do produto, já que é justamente nesta época que acontece o início da safra de cana-de-açúcar. Consequentemente, há o aumento da oferta de etanol principal produto das usinas energéticas.
Sobre isso, a mesma nota do BNDES explica:
“Desta forma, o objetivo do programa é possibilitar o produtor a manter seu etanol estocado por mais tempo, aguardando o momento em que a oferta (elevada) e a demanda (retraída) se equilibrem novamente. Para isso, o financiamento possibilita o produtor realizar a venda em um momento futuro. É importante que o combustível esteja armazenado, pois o comportamento da demanda está indefinido no curto prazo.”
Empresas que já aderiram ao PASS
Todavia, o BNDES afirma que “está em contato com empresas e agentes financeiros repassadores, já que o programa pode ser operado diretamente ou por meio desses bancos parceiros. Até o momento, as operações ainda estão em etapa de análise”.
Impactos da pandemia
De acordo com dados da consultoria agrícola Datagro: um quarto das usinas de açúcar e álcool em operação hoje correm o risco de encerrar suas atividades, em função da crise provocada pela pandemia. Além disso, a pesquisa revela que os valores do litro de álcool diminuíram de R$ 2 para R$ 1,30, o que resultou na queda da demanda.
Portanto, como solução para esta demanda o governo apresentou o PASS, pertencente ao BNDES, apontou o deputado federal Arnaldo Jardim (Cidadania-SP):
“A linha de financiamento proposta ficou aquém do volume que desejaríamos e a um custo alto.”
Contudo, ele reconhece os esforços do Ministério da Agricultura em incluir no Plano Safra uma linha específica de comercialização do etanol.
PASS insuficiente
Em contrapartida, Antônio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) classifica o programa PASS como insuficiente para atender o setor sucroalcooleiro:
“Nossas empresas ainda estão avaliando as condições desse financiamento, porque ele não vai atender todos os produtores. Na nossa opinião, ele é muito limitado, porque depende da garantia de 1,5 litro de etanol de cada litro financiado. Dessa forma, os bancos vão querer emprestar dinheiro para as empresas mais capitalizadas, com mais garantias.”
Relatório da Unica
Segundo afirmação de Rodrigues:
“Houve demanda mundial por açúcar, que está com mercado aquecido – tanto o interno como o externo. Teremos uma safra mais açucareira e, com isso, as empresas estão se autofinanciando. Hoje temos uma qualidade enorme de navios atracados em portos brasileiros. O setor aproveitou a oportunidade do preço do açúcar existente, pois em janeiro e fevereiro esses preços estavam ‘travados’. Na parte do açúcar, que deve ficar na parte de 47% da quantidade de cana processada, está tudo dentro de uma normalidade da expectativa.”
De acordo com o relatório da entidade, no acumulado desde o começo da safra 2020/2021 até 16 de junho deste ano, o aumento nas vendas de açúcar marca mais de 60%, com a exportação de cerca de cinco milhões de toneladas.
*Foto: Divulgação