Pedra na vesícula x bariátrica possui associação bastante comum, porém, podem não ter relação alguma, explica médico do aparelho digestivo
Quem pretende passar por uma cirurgia bariátrica ou já passou, pode ter ouvido a seguinte frase: “Fiz a cirurgia bariátrica e agora preciso retirar a vesícula”. Entretanto, o cirurgião do aparelho digestivo Dr. Rodrigo Barbosa destaca que nem sempre essa relação é correta.
Pedra na vesícula x bariátrica
De acordo com o médico, existe sim um aumento de incidência de pedra na vesícula em quem fez a cirurgia bariátrica. Porém, esta associação acontece em razão de um simples motivo: o emagrecimento. Pelo fato de quem passa pela bariátrica tem por finalidade perder peso. No entanto, como o profissional destaca, o mesmo se aplica para quem perdeu peso sem a intervenção cirúrgica.
E Barbosa explica o porquê:
“Isso tudo acontece porque a pedra vesícula funciona como um armazém de bile – aquele líquido produzido pelo fígado que se armazena na vesícula para ajudar a digerir gorduras”.
Já a bile, segundo ele, possui muita afinidade pela molécula de gordura. E quando se inicia o processo de emagrecimento começa a elevar a degradação de derivados do triglicerídeo e do colesterol. E isso faz com que a bile capte um pouco dessas moléculas e assim se formam os cristais na vesícula, as pedras.
Pedra na vesícula tem relação com cirurgia bariátrica?
Mas afinal de contas, pedra na vesícula possui relação com a cirurgia bariátrica? Dr. Rodrigo explica que isso ocorre porque quando há menor ingestão de comida, a vesícula automaticamente começa a trabalhar menos. Portanto, a bile vai ficando mais tempo parada e formando as pedras que podem entupir o canal da vesícula, o que provoca a famosa colecistite aguda. Além disso, as pedras que se formam nesta região são decorrentes de depósitos fluidos digestivos que variam de tamanho e número, além de poderem ou não gerar sintomas, revela o médico Gustavo Menelau, especialista em gastro e cirurgia do aparelho.
Cirurgia de urgência
Quando as pedras se transformam em um caso grave, o tratamento é passar por uma cirurgia de urgência. O problema pode ocasionar ainda uma obstrução do caminho que liga o fígado à vesícula, e assim, causar a coledocolitíase, chegando ao fígado e levando à infecção muito mais grave. Mas a pedra também pode cair no pâncreas e se espalhar por lá, o que provoca uma irritação do órgão que pode chegar à pancreatite aguda. Sendo assim, o médico explica o que uma pedra na vesícula não retirada pode causar: acolédocolitíase.
Procedimento via endoscopia
Por outro lado, ele destaca que quando não há desvio no intestino também podem retirá-la por endoscopia em um procedimento relativamente tranquilo.
“Por isso que pedra na vesícula devemos considerar um procedimento tranquilo, por vídeo-laparoscopia. É uma técnica que não deixa cicatrizes e a recuperação é rápida.”
Por fim, Dr. Barbosa comenta que todas as pessoas que têm pedra na vesícula devem retirá-la.
“Quem tem pedra na vesícula e bariátrica principalmente com desvio intestinal, tem que tirar essa vesícula o quanto antes para que não sofra consequências que se tornem drásticas e de difícil resolução.”
*Foto: Reprodução