Além do Complexo Ibirapuera, o Conselho Consultivo do Iphan também aprovou o tombamento da Coleção Perseverança (AL)
Na última terça-feira (12/11), o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) tombou definitivamente o Conjunto Desportivo Constâncio Vaz Guimarães (Complexo do Ibirapuera), em São Paulo, e a Coleção Perseverança, acervo com objetos sagrados de religiões de matriz africana, de Alagoas. A decisão integrou 106ª Reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, realizada no auditório do Instituto, em Brasília (DF).
Complexo Ibirapuera
O Complexo do Ibirapuera, que fica na cidade de São Paulo, é símbolo da arquitetura moderna brasileira e palco de eventos esportivos nacionais e internacionais desde os anos 1950. Com a decisão, o conjunto desportivo será inscrito nos livros do Tombo Histórico e no Livro de Belas Artes.
Vale destacar ainda o engajamento da sociedade civil em defesa do complexo, que recebeu tombamento emergencial provisório em 2021, em resposta à mobilização pública para evitar alterações no local, foi crucial. É preciso dizer também o valor do local do ponto de vista de sua história para a capital paulista. E também guarda memórias de grandes eventos, shows e apresentações.
Coleção Perseverança
O Conselho Consultivo do Iphan também aprovou o tombamento definitivo da Coleção Perseverança, acervo com 211 objetos sagrados de religiões de matriz africana que resistiram ao Quebra de Xangô, ataque de intolerância religiosa que aconteceu em Maceió, em 1912.
Trata-se de uma coleção que é um testemunho singular da história, da presença e do vasto legado da população afrodescendente do Brasil”, pontuou a relatora do processo de tombamento, a antropóloga Luciana Gonçalves. Portanto, o tombamento protegerá seus objetos, além de reparar seus imensuráveis danos aos povos de terreiro de Alagoas, antes reprimidos e saqueados em seus espaços sagrados, mas agora reconhecidos como detentores de um patrimônio que enriquece o Brasil.
Com a decisão, a Coleção Perseverança será inscrita no Livro do Tombo das Belas Artes, no Livro do Tombo Histórico e no Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico.
Revalidação
Além dos tombamentos, o Conselho do Iphan aprovou também a revalidação do Toque dos Sinos e do Ofício de Sineiro em Minas Gerais. O processo teve como referência a manifestação cultural nas cidades de São João del-Rei, Ouro Preto, Mariana, Catas Altas, Congonhas do Campo, Diamantina, Sabará, Serro e Tiradentes.
Em 2009, a manifestação cultural foi registrada no Livro de Registro das Formas de Expressão e no Livro de Registro dos Saberes. Desde então, o órgão apoia e fomenta tais práticas, que remetem ao período colonial.
Depois da apuração feita pelo Departamento de Patrimônio Imaterial do Iphan (DPI), ficou constatado que esse bem imaterial segue importante.
O Toque dos Sinos é um meio de expressão que associa os sinos, as torres sineiras, os sineiros e a comunidade receptora destas mensagens sonoras nas cidades de Minas Gerais. Sua forma de reprodução ocorre pela execução dos repiques, badaladas e dobres dos sinos das igrejas católicas, anunciando rituais religiosos e celebrações.
Esses toques marcam as festas de santos e padroeiros, Semana Santa, Natal, casamentos, batizados, atos fúnebres e marcação das horas, entre outras mensagens de interesse geral da comunidade. A estrutura dos toques está associada não só a ocasiões religiosas, como também reflete à identidade cultural local e regional.
Por fim, a revalidação está relacionada a bens culturais já reconhecidos como Patrimônio Cultural do Brasil. Deve ser realizada pelo menos uma vez a cada dez anos, com o objetivo de avaliar a atual situação desses bens imateriais, bem como levantar informações, averiguar a efetividade das ações de salvaguarda, verificar mudanças nos sentidos e significados atribuídos ao bem, entre outras questões.
Fonte: Foto de caioacquesta1 na Freepik