As ações do Bradesco (BBDC4) fecharam em queda de 2,69% ontem terça-feira (9), após os analistas do Goldman Sachs rebaixarem a recomendação dos papéis para venda. Como justificativa, eles disseram que a decisão tem a ver com fatores estruturais que ainda devem afetar diretamente a rentabilidade do banco.
Ações do Bradesco
A mudança de recomendação para as ações do Bradesco ocorre mesmo que a casa tenha elevado o preço-alvo de R$ 14,70 para R$ 16 – patamar em que os papéis BBDC4 são negociados atualmente.
Por outro lado, a expectativa do Goldman Sachs é de que o Retorno Sobre Patrimônio (ROE) do Bradesco siga sendo prejudicado por conta de diversos fatores, incluindo a competição no setor bancário.
Diante desse cenário, os analistas esperam que as dificuldades para o banco de varejo se manter rentável sigam grandes.
Relatório
Em relatório, os especialistas destacam que após dois anos de queda no lucro, a projeção é de que a última linha do balanço cresça 21% em 2024, mas, ainda assim, a rentabilidade siga pressionada, com o ROE do Bradesco ficando abaixo da sua média histórica.
“Embora a margem com mercado deva se beneficiar de juros mais baixos e as provisões para devedores duvidosos devam diminuir, a margem com clientes provavelmente será fraca (alta de 4% em 2024), dada a queda esperada nos empréstimos em 2023, e o custo do risco deverá permanecer elevado, uma vez que a qualidade dos ativos só deverá melhorar gradualmente”, diz a casa.
Além disso, os analistas também disseram que o cenário pode melhorar se a qualidade dos ativos aumentar e o indicador de custo de riscos apresentar um avanço.
Ainda há outros pontos citados, como um eventual aumento de market share e um foco maior em clientes de alta renda – fatores que geram expectativas, dada a troca recente de executivos.
“A companhia poderá anunciar mudanças estratégicas após a nomeação do novo CEO, Marcelo Noronha, o que poderia levar a uma rentabilidade melhor do que a esperada. No entanto, notamos que extensa redução de custos nos últimos cinco anos não aumentou necessariamente a rentabilidade.”
Contas negativadas
Vale lembrar que no mês passado, clientes da instituição enfrentaram um dia atípico contas chegaram a negativar devido a um problema de sistema que “não atualizou corretamente o saldo”.
Mas isso também ocorreu com clientes do Nubank e Picpay passaram em 2020, relembra o ex-VP de tecnologia da Caixa Econômica Federal (CEF), Cláudio Salituro. À época, os clientes das instituições revelaram que o dinheiro do auxílio emergencial havia sumido de suas contas. “Não existe sumir dinheiro de conta, principalmente em uma instituição financeira de 159 anos que é a Caixa Econômica”, declarou Salituro sobre a situação. Entretanto, o Nubank e PicPay creditaram a falha a um problema de tecnologia da Caixa nesse caso.
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