O especialista alerta que, apesar da crescente popularidade, é essencial corrigir a falta de transparência nas operações.
Um estudo realizado pela gestora Ouro Preto Investimentos projeta que o patrimônio líquido dos Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) deve alcançar R$ 2,8 trilhões até 2030. A pesquisa também indica que, em um horizonte de dez anos, o mercado de capitais pode superar os bancos no segmento de crédito.
Segundo Armin Altweger, empreendedor e consultor especializado em FIDCs, o Brasil ainda é dominado por um oligopólio bancário que controla o mercado de crédito e ainda tem um longo caminho a percorrer no desenvolvimento de alternativas de crédito. Sobre a projeção de crescimento e popularidade dos FIDCs, Altweger ressalta: “Mesmo com o crescimento, a falta de transparência e dados atualizados precisa ser abordada para não desencorajar investidores nacionais e internacionais, o que poderia desacelerar o crescimento econômico do país.”
Sobre o estudo e outras projeções
As projeções foram baseadas em dados coletados nos últimos três anos pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). O estudo revela que o número de FIDCs pode chegar a 2,7 mil até o final deste ano, e a 6,2 mil em 2030.
Além disso, o estudo aponta que o crescimento dos FIDCs deve acompanhar a migração das operações de crédito dos bancos para o mercado de capitais, com tendência de tornar o mercado de crédito menos concentrado, mais distribuído, especializado e descentralizado.
O que são os FIDCs?
Os FIDCs são veículos de investimento regulamentados, que oferecem vantagens fiscais na aquisição de títulos de crédito, como recebíveis. Um FIDC é gerido por um administrador regulado, um gestor de fundos e, em alguns casos, um consultor de crédito especializado, proporcionando uma camada adicional de segurança aos investidores.
Além dos bancos, os FIDCs são uma das principais fontes de capital para pequenas e médias empresas. Apesar de sua popularidade crescente entre os investidores, é crucial implementar medidas de transparência digital para garantir um crescimento sustentável e seguro.
Na análise de crédito do fundo, é necessário avaliar tanto a governança e capacidade de produção do cedente quanto a capacidade financeira do sacado. “Frequentemente, contas de garantia e garantias adicionais são usadas para estruturar transações de acordo com as necessidades do cedente e oferecer mais segurança aos investidores”, explica Altweger.
Desafios dos FDICs
Embora essa estrutura seja segura e potencialmente de alto rendimento, na prática, os FIDCs muitas vezes operam como caixas-pretas – o dinheiro do investimento entra, gerando retornos decentes, mas ocasionalmente causando grandes perdas.
O principal problema é que esses fundos geralmente não divulgam em tempo real a composição exata de suas carteiras de empréstimos, a qualidade dos recebíveis ou a verdadeira taxa de inadimplência. Embora isso seja indiretamente refletido nos retornos do fundo e parcialmente publicado no site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), muitos investidores não possuem o conhecimento necessário para interpretar esses dados.
“Para resolver esse problema, desenvolvemos um portal de transparência que se conecta via uma API proprietária a diversos sistemas usados por FIDCs, administradores, gestores de fundos e consultores de crédito. Esse portal torna as informações visíveis e fáceis de entender para os investidores”, revelou Altweger.
Conheça o especialista Armin Altweger
Armin Altweger é um empreendedor com vasta experiência e uma década de residência no Brasil, especializado em finanças, desenvolvimento de produtos e inovação. Ele construiu sua carreira em multinacionais como Andritz Hydro Plants, Volkswagen Caminhões e Audi AG, e é fluente em alemão, inglês e português.
Altweger possui dupla graduação em Gestão Internacional e Economia, além de um mestrado em Gestão de Produtos e Inovação. Também é candidato ao CFA Nível 2 e possui uma licença de piloto privado.
Em 2010, ele cofundou a W1 Finance, uma empresa focada na democratização do planejamento financeiro pessoal. Como sócio-gerente, expandiu a companhia de 20 para 350 consultores e mais de 50.000 clientes. Além disso, co-desenvolveu um software de gestão e consultoria para a empresa.
Desde 2019, Armin Altweger tem consultado fundos FIDC no Brasil, focando em um portfólio diversificado que inclui serviços de consultoria e análise de crédito. Ele defendeu a integração de uma FinTech e CreditTech ao portfólio, utilizando tecnologia blockchain para garantir segurança nas operações. Atualmente, dedica-se a melhorar a transparência dos fundos no Brasil por meio da tecnologia blockchain e da tokenização de securities.
Fotos: Freepik