Ao longo do último sábado (22), algumas baleias jubartes foram vistas nadando próximas de duas balsas que fazem a travessia entre São Sebastião e Ilhabela, no litoral norte de São Paulo.
Segundo o projeto Baleia à Vista, que faz monitoramento de animais marinhos no litoral norte paulista, a última dupla de mamíferos avistada neste dia permaneceu por poucos minutos próxima das embarcações.
Número de baleias avistadas supera 2018
De acordo com o Baleia à Vista, o número de baleias avistadas neste ano já supera a de 2018, sendo 49 e 42 mamíferos, respectivamente. O índice de 2019 diz respeito ao período de fim de maio a fim de junho. Já o do ano passado, compreende os meses de junho a agosto.
No dia 17 de junho, em função do aparecimento das jubartes, a Dersa, que é responsável pela travessia Bertioga-Guarujá teve de paralisar o serviço por uns minutos.
Já no dia 22 não houve necessidade de interrupção, pois as baleias estavam a uma distância segura das embarcações.
Porém, a Dersa divulgou em nota que a paralisação de travessias em que administra podem acontecer a qualquer instante:
“Devido ao relato de presença excessiva de baleias na costa norte do litoral paulista, a travessia São Sebastião-Ilhabela pode sofrer interrupção em sua operação a qualquer momento”.
Outros projetos
Outros projetos da região, como o Golfinhos e Cia e a ONG Viva Baleias também detectaram a presença dos mamíferos desde o dia 4 de junho. De acordo com o fundador e diretor do Baleia à Vista, Julio Cardoso, 151 animais marinhos foram avistados por estas empresas.
Qual o motivo desta aproximação?
Ainda segundo Cardoso, ainda não se sabe o real motivo de tantas baleias aparecerem próximas das balsas com tanta frequência nos últimos dias. No entanto, ele acredita que além da proibição de caça às baleias jubartes, o que fez o número da espécie crescer, outro fator destas aparições junto à costa seria a das gerações mais novas, que não retêm em mente o perigo registrado e vivenciado pelos mais velhos durante o período de caça.
Mesmo ainda não sabendo as reais justificativas, o diretor do Baleia à Vista chama a atenção para a necessidade de ser criado um sistema de alerta para estas ocorrências. Ele debate junto à Marinha, órgãos públicos e companhias que operam as balsas sobre esta questão.
A ideia é criar um sistema que avise quando estes animais estiverem próximos à embarcações ou da costa. Para isso, barcos que possuam rádios podem auxiliar no sentido de alertarem a presença desses mamíferos para que as devidas medidas de segurança sejam tomadas.
Tais medidas dizem respeito à redução de velocidade no momento em que as jubartes estiverem por perto. Além disso, pode haver o desengate da embarcação para impedir colisões e também que o animal não estresse por conta do barulho, já que são sensíveis ao som.
Campanha de conscientização
O projeto Baleia à Vista quer desenvolver uma campanha para que as pessoas que frequentam a região se conscientizem também. Isso engloba desde moradores e turistas até navegantes e pescadores do local.
Instituto Baleia Jubarte
O Instituto Baleia Jubarte, que é referência nacional no monitoramento desses mamíferos, fará palestras e oficinas em Ilhabela de 9 a17 de julho.
O instituto calcula que 20 mil baleias usem a costa brasileira para se reproduzirem, especialmente entre os meses de junho a novembro. Seu encontro se dá principalmente na região de Abrolhos, no litoral sul da Bahia, onde ocorre a maior concentração de baleias jubartes do atlântico sul.
O número dessa espécie aumenta, em média, em torno de 10% por ano. Os dados fornecidos por meio de censo aéreo pelo biólogo e coordenador operacional do instituto, Sergio Cipolotti ainda acrescentam que o próximo estudo deve ser feito em setembro deste ano.
Cipolotti afirmou em entrevista à Folha de S. Paulo que:
“Com o crescimento populacional, esses animais estão voltando a ocupar as antigas áreas de reprodução, que praticamente é quase toda a costa do Brasil. Mas as baleias jubarte se concentram muito ainda na costa da Bahia e norte do Espírito Santo”.
Ele ainda ressaltou uma preocupação quanto à pesca e a realização de esportes náuticos em locais que as baleias possam aparecer. Pois, com isso, acidentes podem acontecer por meio de capturas acidentais pela rede de pesca que podem causar lesões aos animais ou danos materiais aos pescadores. O biólogo afirma que no caso dos esportes uma forte campanha de conscientização está sendo promovida para que nenhum esporte de remo seja praticado ao redor das jubartes.
*Foto: Divulgação / Argonauta