Cada vez mais o uso de cachorros tem auxiliado o trabalho de bombeiros de todo o Brasil. A região de Santa Catarina tem demonstrado esta prática em suas corporações. O primeiro cão de busca e resgate de Jaraguá do Sul, a oeste do estado, atende pelo nome de Dante.
O filhote de labrador nasceu em 30 de março deste ano, no município de Xanxerê, e desde os dez primeiros dias de vida sua evolução é acompanhada pelo corpo de bombeiros. Atualmente, ele passa por treinamentos diários que seguirá até completar 18 meses. A partir daí, Dante passará por uma prova de certificação para avaliar se está apto a auxiliar em ocorrências da corporação de Jaraguá do Sul.
PRIMEIRO CÃO DE BUSCA E RESGATE da corporação
Dante pertence a uma família de labradores que já atua em buscas e resgates de vítimas há 16 anos. Ele faz parte da sexta geração. Malu é a mãe do cãozinho que se aposentou recentemente. Ela foi a responsável por ajudar os bombeiros no resgate de pessoas, em 2008, no desmoronamento do Morro do Baú, em Ilhota. Seu pai, Iron, auxiliou no resgate às vítimas na tragédia de Brumadinho (MG) neste ano.
Já a filhote Léia, irmã de Dante, também está sendo treinada para atuar na cidade catarinense de Porto União.
Os bombeiros também contam com outros dez cães, que foram treinados para ajudar em salvamento e resgate de pessoas.
14º Batalhão de Xanxerê
O batalhão da cidade de Xanxerê é responsável em capacitar bombeiros e cães para trabalharem em ocorrências. Além disso, eles fazem intercâmbios e recebem alunos de outras localidades do país, como Goiás, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul e São Paulo. O município acabou se tornando referência no Brasil. O projeto passou a vigorar após a tragédia ocorrida há quatros em Mariana (MG), onde o trabalho de cães farejadores foi primordial.
Escolha do nome e guia
Dante foi batizado com este nome pela própria população jaraguaense por meio de uma enquete popular. A escolha se refere à obra “A Divina Comédia”, do poeta Dante Alighieri.
O tenente Tiago José Domingos, da 4ª companhia do CBMSC, foi o escolhido como guia de Dante. Desde 2016, o bombeiro é capacitado como cinotécnico. Domingos está em contato com o filhote desde que completou oito semanas de vida. Tem por missão e dever, guiar o cão na fase de adestramento e carreira, que dura cerca de oito anos.
Em entrevista ao portal NSC Total, Tiago afirma:
Para que a iniciativa tenha total sucesso, Tiago também coloca Dante em contato com os moradores de Jaraguá do Sul. E a resposta da população tem sido bastante positiva, como na escolha do nome de próximo cão-bombeiro do batalhão da cidade.
“A experiência de trabalhar com o Dante está sendo extremamente prazerosa, é uma relação que vai além do profissional, o Dante é como um membro da família. A gente está todo dia junto, trabalhando, se ensinando. É satisfatório vê-lo alcançar um objetivo semanal e avançar na semana seguinte para algo além. E ele está lá aprendendo, evoluindo, crescendo, é gratificante saber que no final a gente vai poder ajudar alguém com isso”.
Cão tem mais velocidade que o homem
De acordo com bombeiros militares, o uso de um cão em uma ocorrência equivale à utilização de 20 homens. Isso tudo em relação a quesitos como velocidade e a região atendida. Consequentemente, os cães são usados em operações de busca e resgate.
Tiago completa à mesma publicação:
“Nesse tipo de situação o bombeiro precisa localizar a vítima o mais rápido possível, e nem sempre a gente sabe o número de pessoas envolvidas (na ocorrência), mas precisamos de ferramentas para poder encontrá-las rapidamente e de maneira segura e o cão vem a contribuir nesse processo”.
Nesta questão, o cão é muito mais veloz que o homem e consegue chegar a lugares que um ser humano demoraria cerca de três horas e ele que faria o mesmo trajeto em 15 minutos. Além disso, a audição e faro caninos são muito melhores e treinados.
Quando eles são treinados desde cedo, a rotina de trabalho se torna uma brincadeira, nada é feito por imposição de alguém, e sim, porque ele entende que aquilo é necessário. Um exemplo é seu latido, o cão entende que ao latir para um bombeiro, ele está avisando o encontro de uma possível vítima em um resgate, o que é de extrema importância para o batalhão.
Treinamento
O desafio de acompanhar a evolução de um cão passa por diversas etapas. Inicialmente, os bombeiros averiguam quais filhotes estariam mais aptos a atenderem ocorrências de salvamentos. Eles sabem identificar qual filhote é mais esperto, qual é mais preguiçoso, qual interage bem com seres humanos, e assim por diante.
Em seguida, os cães que passarem por esta avaliação e forem escolhidos para continuar no programa, passarão por outras provas. Entre elas, a capacidade de faro, que envolve perder o rastro de uma possível vítima, mas conseguir encontrar o caminho novamente.
*Foto: Reprodução / A Notícia – Salmo Duarte