Elizabeth Bishop é a primeira autora estrangeira que a festa literária de Paraty homenageará desde sua primeira edição, em 2003
Pela primeira vez desde seu lançamento, em 2003, a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) homenageará um autor estrangeiro. E a escolha para a 18ª edição do evento foi para ressaltar a obra da escritora norte-americana Elizabeth Bishop (1911-1979). A festa de 2020 vai acontecer entre os dias 29 de julho e 2 de agosto, em Paraty, no litoral sul fluminense.
Por que Elizabeth Bishop?
De acordo com os organizadores da Flip, a escolha por Bishop, em vez de um autor brasileiro, bate de frente com as características do homenageado deste ano, Euclides da Cunha. Ou seja, a poeta contrasta em assuntos de ordem política, diferente de Cunha, que em sua obra mais consagrada “Os sertões”, trouxe teor político à festa literária.
No entanto, a para edição 2020, Fernanda Diamant, curadora do evento optou por outro caminho sobre a autora. Em declaração ao Estadão, ela afirmou:
“Ela é uma das maiores poetas do século 20, teve uma história trágica, e uma vivência com o Brasil muito ambígua entre o elogio e a crítica. Ela se incomoda com uma série de coisas com que a gente também se incomoda.”
Conexão com o Brasil
Além disso, Elizabeth Bishop teve forte conexão com o Brasil na década de 50. Em 1951, ela aportou em Santos com o intuito de ficar no país apenas por duas semanas. Porém, se apaixonou pela terra e também pela arquiteta Lota de Macedo Soares (1910-1967). Com isso, antes mesmo de receber um Prêmio Pulitzer em 1956, a poeta americana acabou por residir por aqui durante 15 anos, morando entre as cidades do Rio de Janeiro e Petrópolis.
Apesar de ser uma autora premiada e consagrada no meio literário, Bishop publicou menos de dez livros em vida. Entre eles: “An Anthology of Twentieth Century Brazilian Poetry” (“Uma Antologia da Poesia Brasileira do Século 20”), editado pela própria e com poemas traduzidos por ela e outros tradutores. A obra contém poemas de João Cabral de Melo e Neto e Carlos Drummond de Andrade, entre outros escritores.
No Brasil, as obras de Bishop são publicadas pela Companhia das Letras. Integram o catálogo da empresa os seguintes títulos: “Uma Arte: As Cartas de Elizabeth Bishop” (1995), “Poemas Escolhidos” (2012) e “Prosa” (2014). Todos estão à venda nas livrarias e no site da editora.
Confirmação
Apesar de não ter sido divulgado ainda o nome de nenhum outro autor para a Flip 2020, o nome de Bishop dá pistas. Fato é que Paulo Henriques Britto é o responsável pela tradução de todos os seus livros publicados no Brasil. Já o romancista americano Michael Sledge lançou em 2010 a obra romântica ““A Arte de Perder”, que narra a história de amor que Elizabeth viveu com Lota de Macedo.
Além disso, o livro “Flores Raras e Banalíssimas”, da autora carioca Carmen L. de Oliveira, também serviu de base para o enredo do filme “Flores Raras”, do cineasta Bruno Barreto, lançado em 2013.
Fontes: Site Jovem Pan e Estadão
*Foto: Divulgação