As úlceras pépticas são feridas internas no revestimento do estômago ou duodeno, geradas pela bactéria H.pylori ou ainda se o estômago produzir mais ácido que o normal, afirma o médico
Em primeiro lugar é preciso ter em mente que a úlcera péptica (ou gástrica quando aparece no estômago) é tratável e quanto mais rápido for feito o diagnóstico, melhor. Isso porque quando o tratamento demora mais a começar pode ter gerar complicações.
O que é úlcera péptica?
Segundo o médico especialista em gastroenterologia, Gustavo Menelau, as úlceras pépticas, também chamadas de gástricas, são feridas internas no revestimento do estômago (de formato circular ou oval). Mas também aparece no duodeno (na junção do estômago com o intestino delgado), geradas pela bactéria H.pylori ou ainda se o estômago produzir mais ácido que o normal. E também podem surgir feridas no esôfago, que são mais raras.
Vale destacar que ela é sempre benigna, e acometem pessoas de todas as idades, inclusive crianças. Já a do tipo gástrica é bem mais comum entre idosos e indivíduos que fazem uso crônico de AINE (anti-inflamatório não esteroidal), como aspirina e ibuprofeno.
Todavia, com o avançar da idade ou o uso crônico de determinados medicamentos, ela se torna mais frequente. Estima-se que 5% a 10% das pessoas que procuram ajuda médica apresentem o problema, mas podem ser mais, já que parte deles não apresenta sintomas.
Todavia, os ácidos estomacais, principalmente o clorídrico, são muito fortes. Por exemplo, em um estômago normal e saudável, sua ação restringe-se apenas aos alimentos. No entanto, em determinadas ocasiões, eles podem atacar o revestimento do trato digestivo e provocar o aparecimento de uma úlcera que destrói a parede estomacal e do duodeno.
Além disso, estudos epidemiológicos mostraram que as úlceras podem atingir diferentes grupos étnicos, independentemente da idade, do sexo ou da ocupação profissional.
Principais sintomas
Os principais sintomas são:
- Queimação na área entre o esterno e o umbigo e se manifesta especialmente com o estômago vazio, porque a ausência de alimentos para digerir permite que os ácidos irritem a ferida;
- Dor abdominal que desperta o paciente à noite e tende a desaparecer com a ingestão de alimentos ou antiácidos;
- Dor característica da úlcera do duodeno que desaparece com a alimentação, mas reaparece depois;
- Náuseas e vômitos com sinais de sangue;
- dor à noite;
- Fezes escurecidas ou avermelhadas que indicam a presença de sangue;
- perda de peso.
Causas
- Histórico familiar: fatores genéticos podem justificar o aparecimento de úlceras pépticas;
- Bactéria Helicobacter pylori: esse micro-organismo pode atacar a parede estomacal de pessoas com predisposição para a doença, que representam mais de 80% dos casos de úlcera duodenal. Mas, erradicada a infecção, a úlcera tende a desaparecer;
- Ácido acetilsalicílico e anti-inflamatórios: o uso constante desses medicamentos pode provocar o aparecimento de úlceras;
- Estresse: pode estimular a secreção de ácidos que atacam o revestimento do estômago e do duodeno.
Diagnóstico
A úlcera péptica pode ser identificada por meio de exames como endoscopia, exame realizado sob sedação que permite visualizar diretamente o esôfago, o estômago e o duodeno. Entretanto, Raios X e análise dos ácidos gástricos são métodos úteis em certos casos, porém, pouco empregados hoje em dia.
Recomendações
Antigamente acreditava-se que a adoção de uma dieta leve, à base de leite, com pouca fibra e poucos temperos, era o suficiente para o controle da úlcera. Mas, atualmente, está provado que essa indicação não procede. Entretanto, se você possui uma úlcera ou predisposição para desenvolvê-la, alguns cuidados podem ajudá-lo a controlar as crises. Confira a seguir como:
- Não fume, pois os fumantes estão mais propensos a desenvolver úlceras;
- Faça refeições menores, mais leves e mais próximas umas das outras. Isso ajuda a reduzir a dor e a queimação;
- Evite chá, café, refrigerantes e bebidas alcoólicas. Tais substâncias estimulam a produção de ácidos;
- Evite alimentos ácidos ou que contenham cafeína que, para você, são mais ou menos irritantes, como por exemplo: limão, abacaxi, vinagre, café, chá mate, chocolate, chimarrão ou tererê e frituras;
- Suspenda o uso de aspirina e anti-inflamatórios. Converse com seu médico que irá indicar medicamentos menos prejudiciais à mucosa estomacal, antiácidos que podem ajudar a diminuir os sintomas ou antibióticos, no caso de infecção por Helicobacter pylori;
- Procure controlar, na medida do possível, o nível de estresse ao qual está exposto.
Tratamento
O objetivo é cessar a dor e o desconforto por meio de terapia medicamentosa específica, a depender da causa da úlcera. Quando a origem é a HP, o tratamento se dá por meio do uso de antibióticos específicos, além de inibidores da bomba de prótons —que inibem a produção de ácido estomacal.
Já nos quadros cuja origem do problema é o uso de AINE —o que corresponde de 9% a 13% desses usuários— é preciso cessar o consumo. Quando o uso é crônico, e decorre da terapia contra doenças cardiovasculares, são indicadas medicações que protejam a mucosa estomacal, como o omeprazol, ou a redução das doses, quando isso é possível. Por outro lado, a cirurgia é sempre exceção, e geralmente é indicada no tratamento das complicações. Nestes casos, Dr. Gustavo Menelau afirma que elas podem evoluir para:
- Uma hemorragia;
- Perfuração no estômago;
- Obstrução na passagem dos alimentos.
Por fim, jamais se automedique, e procure imediatamente um especialista para qualquer sintoma citado acima.
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