A discussão gerou em torno principalmente do prejuízo econômico sofrido por pescadores da região por conta do derramamento de óleo
O derramamento de óleo na região Nordeste do país gerou impactos socioeconômicos e ambientais. Com isso, ocorreu na sexta-feira- (8) um debate, que fez parte do último dia da Conferência Brasileira de Mudança do Clima, no Bairro do Recife, zona central da capital de Pernambuco. Entre os assuntos discutidos, estava o dano causado aos pescadores da região por conta das manhas de óleo nas praias.
Beatriz Mesquita, pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), cobrou respostas sobre os resultados dos estudos sobre a possível contaminação da água, dos peixes e dos animais marinhos. Durante o debate ela disse:
“Hoje o mercado de pescado está paralisado, pescadores e pescadoras estão sofrendo em suas comunidades. Eles não estão indo pescar porque não conseguem vender. A população precisa de uma resposta e informação qualificada em relação a esse mercado, e só a ciência pode dar”.
E ainda acrescentou durante a palestra:
“Eles possuem um modo de vida peculiar. Pescam para vender e consomem o que pescam e precisam de visibilidade”.
Posicionamento do óleo
Inamara Mélo, secretária executiva de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco, defendeu que os dados da análise da água demoraram, pois “muitas das análises não estavam disponíveis no Estado”.
Ela ressaltou, durante o debate, o que o Estado conseguiu realizar em primeiro momento e o que ainda faz para reduzir os impactos, e citou como exemplo um edital que foi aberto para que pesquisadores acompanhem e dimensionem o tamanho do percurso do óleo:
“Agora é o momento de dimensionar os danos ambientais e entender quais são as consequências desse óleo para toda a população e, particularmente, para aqueles que dependem da região para o seus sustentos. São pessoas ligadas ao turismo, marisqueiras, pescadores e comerciantes. Existe toda uma economia relacionada”.
Impactos ambientais
Beatrice Padovani, professora do departamento de oceanografia da UFPE, ressaltou os danos ambientais já existentes e os que ficaram mais expostos ainda após o surgimento do óleo.
“Com o passar do tempo, foi minimizado o fato de que temos o desmatamento de mangue, da Mata Atlântica, poluição de esgotos, sendo muitos deles pelo plástico. Temos ecossistemas costeiros de extrema importância, que prestam serviços ambientais fundamentais, que geram segurança alimentar, além do turismo e de indústrias que já estão sofrendo o impacto do óleo”.
Ela ainda destacou que o auxílio das universidades públicas, por meio de seus pesquisadores e estudantes destas instituições têm sido fundamentais em relação á investigação de onde vem de fato este óleo:
“Ninguém estava preparado para este impacto que veio do mar. A primeira coisa a ser feita é identificar a fonte de derramamento de óleo e não conseguimos ainda. Identificando, temos como conter. Quem derramou precisa ser responsabilizado”.
Produto Interno Bruto nacional
Já para o pesquisador da Fundaj e professor da UFPE, e também economista ecológico, Clóvis Cavalcanti, também palestrante no debate da última sexta-feira, grande parcela dos impactos causados pelo resíduo não aparecerão imediatamente:
“Não há nenhum conhecimento de processos econômicos que possam nos levar ao efeito final de tudo isso. Certamente, haverá grande efeito e muitas atividades poderão ser inviabilizadas”.
Isso vale para o Produto Interno Bruto (PIB), que em sua opinião, pode aumentar, em função dos recursos financeiros designados a solucionar questões ligadas ao óleo. Porém, ele afirma, que isso é “enganoso”, ou seja, pode aparentar que a economia avançou, mas conclui que “não bem assim.”
Fonte: Folha de Pernambuco
*Foto: Divulgação