O ônibus Princesinha proporciona uma volta à história em que os turistas têm a chance de conhecer fazendas coloniais com plantações de uva e morango
Um ônibus da década de 1950 é capaz de proporcionar uma verdadeira aula de história de famílias de imigrantes que construíram um dos principais pontos turísticos do país. Esta é a Princesinha, como é chamado o veículo que levam visitantes a casas coloniais e plantações de morango e uva, em Gramado, na região da Serra Gaúcha.
Passeio a bordo da Princesinha
O roteiro ainda é pouco explorado pelo turismo do município, mas que tem tudo para se tornar um dos atrativos do local que já é famoso por abrigar um dos mais importantes festivais de cinema do país e ainda por sua indústria de chocolate. Atualmente, a cidade recebe em média 6,5 milhões de turistas por ano.
Quem tiver interesse em realizar o passeio paga aproximadamente R$ 150 por um roteiro com duração de quatro a cinco horas. Entre as opções mais famosas, está o Quatrilho, nome inspirado pelo filme de mesmo nome, de 1995. Neste trajeto, o visitante conhece a casa e a igreja frequentadas por pessoas que inspiraram as personagens do longa-metragem de Fábio Barreto e que foi indicada ao Oscar de melhor filme estrangeiro.
Estradas de terra
Porém, na vida real, a Princesinha passa por estradas de terra bastante conservadas nas regiões de Campestre do Tigre e Tapera.
O apelido do famoso ônibus dos anos 50 vem da novela “Tieta”, transmitida pela rede Globo entre 1989 e 1990, em que o veículo era chamado de “Marinete, a princesinha do agreste”.
Durante o trajeto a paisagem da cidade se transforma em vales repletos de araucárias, campos com ovelhas, além de pequenas plantações.
Na primeira parada, o turista conhece a fazenda da família Lazaretti, bem próxima da avenida mais movimentada de Gramado. Nilton Lazaretti, o proprietário, faz questão de receber as pessoas e levá-las às parreiras, responsáveis por abastecer a vinícola centenária da família. Ali, os visitantes observam como é feito o trabalho de plantio e colheita das uvas.
Vinhos coloniais
A adega da família possui antigos barris de carvalho e também os modernos de metal, onde são armazenados vinhos coloniais brancos e tintos, produzidos a partir de uvas americanas dos tipos: bordô, isabel ou niágara branca.
Fora o vinho, os visitantes podem degustar suco de uva, licores, geleias, além da renomada grappa da Itália, de onde descende a família Lazaretti, que veio para o Brasil há mais de 120 anos e promove a cultura do cultivo e produção da uva na cidade da Serra Gaúcha.
Segunda parada da Princesinha
A segunda para da Princesinha é na residência colonial da família Grins. É neste local do século 19 que viveram: Carolina, Joseph, Maria e Nicodemo, que se tornaram personagens do filme “O Quatrilho”. Além disso, a igreja onde foi realizado o casamento dos protagonistas do longa e o túmulo onde foram enterrados ainda permanecem preservados.
Antes de chegar à fazenda de cultivo de morangos, os turistas podem descansar e aproveitar um pouco no Morro da Polenta, onde tem um mirante de 900 metros de altura com uma maravilhosa vista para os vales da Serra Gaúcha.
Última parada
Por fim, a Princesinha leva os visitantes para poderem desfrutar dos morangos que vão direto para as panelas de fondues.
Cultivadas na propriedade da família Andrade, também descendentes de italianos, em média, 23 toneladas de morango por ano são colhidas em estufas. A apresentação das frutas é realizada ao som de sanfona e música da região de Gramado.
Alcione Andrade, dono da fazenda, prepara a mesa de café colonial com pratos típicos italianos e alemães, como: a massa caseira frita, conhecida como “cueca virada salgada”; bolo cuca, com de farinha de trigo, ovos, manteiga e coberto com açúcar; linguiças, e ainda geleias, pães, pavês, tortas, vinho e suco de uva.
Os interessados em realizar os passeios a bordo da Princesinha podem entrar em contato com a agência de turismo Vento Sul. Por ela, o passeio Quatrilho é realizado às terças e sábado ao custo de R$ 147 por pessoas, com direito a café colonial. Já o embarque acontece com um grupo mínimo de seis pessoas, na praça das Etnias, no centro de Gramado.
Fonte: Folha de S. Paulo
*Foto: Divulgação