Capital paulista só atende a dois critérios que OMS recomenda para poder reabrir o comércio
Apesar da Prefeitura de São Paulo ter informado que passará, a partir de hoje (1º), receber propostas de representantes do setor privado com a finalidade de liberar parcialmente a retomada das atividades comerciais, a cidade só atende a dois de seis critérios que a OMS (Organização Mundial de Saúde) recomenda, para poder começar um processo de flexibilização do distanciamento social, de acordo com um relatório da própria Prefeitura, publicado na última sexta-feira (29).
Conforme consta no quarto Relatório Situacional da Covid-19, neste momento é “impedir a escalada da transmissão e atingir a estabilidade com transmissão de baixo nível ou próxima de zero deve ser a prioridade”.
Elaborado por técnicos da Secretaria Municipal da Saúde, o texto destaca também que o distanciamento social como medida que “tem possibilitado ao poder público municipal ampliar sua capacidade de atenção de forma ordenada e efetiva”.
Além disso, o documento menciona outro relatório, Covid-19 Strategy Update, elaborado pela OMS e publicado em 14 de abril, que trata dos parâmetros a serem adotados em uma transição e relaxamento gradual das medidas de distanciamento.
Vale lembrar que no dia 18 de maio, a capital paulista retornou ao rodízio tradicional após o plano de rodízio 24 horas em dias alternados fracassar na cidade, em termos de tentar elevar a taxa de isolamento social.
critérios que a OMS recomenda
Entre os critérios que a OMS recomenda, São Paulo cumpriu apenas duas. São elas: ter capacidade de detectar e tratar novos casos, sobretudo os graves, e adotar medidas de prevenção em locais de trabalho.
Sobre isso, os técnicos que o fizeram o relatório disseram:
“Isso inclui medidas de distanciamento social, orientações de higiene e de etiqueta respiratória, e, quando possível, monitoramento da temperatura.”
Em relação aos critérios que ainda não foram atendidos pela capital paulista para iniciar o processo de relaxamento, estão: o controle sobre a transmissão da doença, que seria observada caso o surgimento de novos casos fosse esporádico, todos por contatos conhecidos ou importações; a redução do risco de novos surtos, com maior controle sobre a prevenção à doença; controles sobre o surgimento de casos importados; e, por fim, conscientização da população: no novo cenário, a população deve estar consciente de que todo caso, grave ou não, deve resultar em isolamento do paciente.
Leitos na capital paulista
O relatório ainda realiza um balanço das ações adotadas pela Prefeitura até o momento e ressalta que, antes da pandemia do coronavírus, a cidade contava com 507 leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Agora são 1.007 leitos só para o tratamento da Covid-19. Segundo o texto, todos os dias 45 novos pacientes com a doença solicitam leitos de UTI, em média. Na semana do dia 21 de março, a média era maior ainda, 55 requisições.
Nota da Secretaria de Saúde de São Paulo
A Secretaria de Saúde de São Paulo divulgou uma nota em que afirma que as regras da OMS são recomendações, não deliberações:
“O município tem trabalhado com outros critérios, como redução da disseminação com atuação única no Brasil no controle da covid-19, com a presença de toda a rede básica e a rede hospitalar envolvida.”
Na mesma nota ainda disseram que “o número de casos estão em forma decrescente de crescimento”. Por fim, a nota diz que o governo do Estado “coloca (a cidade) em melhor situação dentro da região metropolitana”.
Retomada gradual
No último sábado (30), o secretário municipal de saúde, Edson Aparecido, disse que a capital retomaria a partir de hoje, consultas e cirurgias eletivas:
“Mantivemos o funcionamento normal das consultas e também de cirurgias de cinco casos: os casos crônicos de diabete e cardiopatas, para recém-nascidos, para gestantes e vacinação. Fizemos a suspensão de pequenas cirurgias eletivas e também de algumas consultas. Mas já determinamos, a partir da semana que vem, que as consultam suspensas voltem a ser marcadas pelas Unidades Básicas de Saúde (UBSs).”
Taxa de isolamento
A taxa de isolamento social no Estado ficou em 47%, índice mais baixo do que o aferido na sexta-feira anterior, 22, quando ficou em 48%. No caso da capital, onde a queda também foi de um ponto porcentual em relação à sexta-feira passada, o índice ficou em 48%.
Fonte: Revista EXAME com informações do jornal O Estado de S. Paulo
*Foto: Divulgação/Toni Pires/FramePhoto/Folhapress