SP-Arte Virtual é questionada novamente por galeristas após briga por devolução dos investimentos em edição cancelada
Casas de arte continuam a criticar a SP-Arte Virtual, mesmo antes do anúncio oficial da feira que neste ano será online e está programada para acontecer em agosto. O motivo do conflito, desta vez, gira em torno da cobrança de um percentual de 2,5% sobre as vendas de obras com preços que ultrapassam R$ 25 mil, fora as taxas de participação no evento que podem atingir R$ 9.000.
De acordo com os galeristas, aproximadamente 40 espaços dizem que podem não participar do evento se a comissão de 2,5% permanecer.
SP-Arte Virtual
Ouvidos pela Folha de S. Paulo, os profissionais do setor de cultura de arte, que preferiram não se identificar, afirmam que cobrar pela participação em uma feira virtual é agir contrariamente à maioria dos eventos do setor. Neste caso, eles citaram como exemplo as feiras renomadas Frieze e Art Basel, ocorridas virtualmente em maio e junho, respectivamente. Ambas foram gratuitas, assim como a primeira iniciativa brasileira deste tipo, a Not Cancelled.
No caso da feira italiana, a Artissima, que optou em cobrar a participação. Porém, ela limitou o preço a US$ 500 ou em torno de R$ 2.600. Já na SP-Arte Virtual o menor valor cobrado é de R$ 3.000, em um plano que o cliente pode apresentar 15 obras na página da galeria por vez.
Padrão e Premium
Também existe as taxas referentes às chamadas “padrão” e “premium”. As duas permitem a exibição de mais obras por vez e custam R$ 6.000 e R$ 9.000, respectivamente.
Sendo assim, as galerias que escolherem vender obras com preços acima dos R$ 25 mil serão enquadrados automaticamente na categoria “padrão” de R$ 6.000, e ainda devem pagar a comissão de 2,5% sobre as vendas de trabalhos mais caros.
Edições anteriores
Contudo, essas taxas não foram cobradas em edições anteriores da SP-Arte. Portanto, os galeristas defendem que a tarifa não faz sentido algum, pois a feira não faz nenhuma intermediação das fases de vendas. Todo este processo é de responsabilidade das galerias. E o que resta à feira é apenas o papel de vitrine.
Isenção de impostos
Também não foi informado às casas se a isenção de impostos que as galerias paulistanas recebem do governo estadual vai ser mantida na SP-Arte Virtual, tornando assim a cobrança de comissão mais aceitável.
Pandemia de Covid-19
Além disso, os sócios das casas de arte afirma que a estratégia de exigir uma comissão retorna à questão central de todo conflito entre a organização do evento e os participantes. Em abril, o evento foi cancelado em razão da pandemia de Covid-19.
Em seguida, a SP-Arte anunciou que devolveria apenas um terço dos investimentos às galerias. Os valores vão de R$ 20 mil até mais de R$ 100 mil. Os outros dois terços, afirma a organização, seriam para cobrir os investimentos de montagem e ainda ficaria como crédito para a feira de 2021.
União das galerias
Em contrapartida, 80 casas de uniram contra a SP-Arte, solicitando percentuais de ressarcimento maiores. Elas também argumentam que a feira está as qualificando como sócias ao tentar dividir com elas os prejuízos do evento. Porém, a realidade é que elas devem ser tratadas como clientes, e a SP-Arte como uma empresa independente, prestadora de serviços.
O imbróglio chegou ao fim um mês depois, quando a organização do evento decidiu devolver aos galeristas todo o dinheiro investido na feira cancelada.
Relação desgastou
Apesar disso, a relação entre a SP-Arte e as casas paulistanas se desgastou.
Sendo assim, quando o evento decidiu cobrar comissão e valores mais altos do que o de outras feiras, isso acaba não ajudando em nada, dizem os profissionais do setor. Pelo contrário, eles afirmam que a SP-Arte está mais interessada no próprio sustento do que se unir ao restante do setor. A organização da feira ainda não se pronunciou sobre o assunto.