Hipoclorito em materiais corroídos coletados diz respeito ao local onde gás tóxico vazou e Pontal (SP)
A presença de hipoclorito em materiais corroídos foi encontrada pelos Pesquisadores do Departamento de Química da USP de Ribeirão Preto (SP). Tal material estava presente em sete dos cinco itens analisados no Departamento. Agora, o resultado vai ser enviado à Polícia Civil. Especialistas vão analisar os animais mortos na próxima semana.
Hipoclorito em materiais corroídos coletados
Além disso, o indício de hipoclorito em materiais corroídos coletados pelo departamento da USP de Ribeirão Preto diz respeito ao local onde um gás tóxico vazou em Pontal (SP), no início deste mês e que alterou o cotidiano de seus moradores, tendo um desfecho trágico.
De acordo com o professor Marcelo Firmino de Oliveira, dos sete materiais coletados na quarta-feira (12), entre eles papéis, chaves, cadeados e moedas, e analisados na quinta-feira (13), cinco apresentaram a substância.
“Provavelmente esses vapores, se eles tivessem ácido clorídrico na presença, na sua composição, esse ácido tem afinidade com metais, corrói metais, mas produz como produto final cloretos, que são substâncias de uso comum, presentes na forma comum no nosso meio. O próprio ser humano, quando produz suor, o suor contém cloreto de sódio. Cloreto em si é uma substância sem interesse pericial, porém, quando se encontram hipoclorito nessas amostras, essa substância já não é de ocorrência natural, a gente não tem a presença de hipoclorito na natureza nessa forma. Isso é um indicativo de utilização de substância química.”
Ainda segundo o professor, não é possível dizer de onde esse hipoclorito foi vazado e se essa era a única substância presente na névoa que cobriu ao menos cinco bairros, sendo o Campos Elíseos o mais afetado. Uma trabalhadora rural de 39 anos morreu e mais de 90 moradores precisaram buscar atendimento na Santa Casa, sendo que dois precisaram ser intubados.
“Esse hipoclorito pode ser também um subproduto da substância que passou pela tubulação das casas, dos ralos, pode ser convertido a hipoclorito e ficado presente no meio.”
Quantidade elevada
Contudo, o professor explica que o hipoclorito é uma substância usada em produtos de limpeza. Porém, em quantidades adequadas para residência, tratamento de água e de piscinas. Isso, segundo ele, é previamente medido antes de ser comercializado para não causar danos à saúde.
Todavia, o que ocorreu em Pontal foi que a quantidade vazada extrapola os limites da quantidade usada no dia a dia.
Análise do hipoclorito em materiais corroídos
Agora, a análise feita na USP vai ser enviada para a Polícia Civil, que também aguarda laudos da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).
Na próxima semana, o Departamento de Química da USP deve receber os animais mortos após o vazamento para tentar identificar a substância presente nos bichos. No entanto, a preocupação dos especialistas é que a análise pode ser prejudicada pelo tempo de armazenamento das amostras, que podem já não estar na fórmula original.
Investigações
A princípio, as autoridades municipais informaram que as suspeitas eram de que o gás tóxico tinha vazado da residência da família da mulher que morreu.
Mas a hipótese foi descartada pela Polícia Civil já no dia seguinte ao vazamento, após a Polícia Científica vistoriou o imóvel no bairro Campos Elíseos e não encontrou nenhum vestígio no local.
Outra linha de investigação se concentrou em um caminhão que passou pelo bairro Campos Elíseos momentos antes do cheiro forte de um gás tóxico começar a ser sentido por moradores. Porém, o delegado Igor Dorsa também descartou a hipótese de que o gás tenha vindo do veículo.
Ainda houve a suspeita de que uma espuma branca que apareceu no bairro pudesse ter relação, mas isso também foi descartado.
Por fim, a expectativa é que todos que passaram por atendimento na Santa Casa da cidade prestem depoimento até o fim desta semana.
*Foto: Reprodução